Depois de passar por mais essa edição da NRF Big Show,
fica claro que o varejo está num ponto de inflexão. A operação atual de varejo
está estruturado para atender um modelo formatado na década de 70 onde, se
pensarmos de uma maneira simples, o varejo era apenas um ponto de encontro
entre a demanda e a oferta.
Naquela época, os hábitos de consumo não eram alterados
tão rapidamente e o ”primeiro momento da verdade” estava claro e acontecia
dentro da loja. Isso se manteve “estável” durante décadas. No entanto o
consumidor continuava a exigir novas demandas.
O consumidor sempre empurra o negócio do varejo para
frente. A pressão sobre o papel que o varejo desempenha até então começa
a aumentar, exigindo por customização, personalização, transparência e
conveniência.
Até que a tecnologia fez uma grande bagunça em todo
esse modelo, permitindo uma incrível fragmentação da demanda, quebrando
a jornada de consumo tradicional, desenvolvendo novos momentos de consumo,
exigindo uma atuação do varejo se adaptando ao meio em que está.
O novo papel do varejo, é desenvolver uma atuação com
muita agilidade e conhecimento sobre o consumidor, ampliando sua
atuação diferente do que foi até hoje. Uma estratégia tão ampla quanto fragmentada,
sem pensar em um canal e sim, em um negócio do varejo Pós Canal.
Três “big players” do varejo global, estão dando claro
sinais para o novo caminho que o varejo está seguindo. O caminho de integração
total do físico com o digital, incluindo operação e inteligência de dados.
WALMART
Chega um momento que o maior varejista do mundo tem
que se movimentar. Com faturamento de US$485,8 bilhões em 2017, o Walmart
acabou de unir suas operações
digitais com o físico e está desenvolvendo novos modelos como o pick up in
store, hoje presente em mais de 500 lojas nos EUA e com previsão de mais 600
nos próximos meses. “As aquisições mais recentes de Walmart, incluindo o
operador pure player com e, posteriormente, de Bonobos ou ShoeBuy, nos Estados
Unidos, mostram que esse será um dos caminhos a ser considerado para ampliar
sua participação de mercado e incorporar melhores práticas no digital.”, citando uma parte do artigo de Marcos Gouvêa de Souza.
Um gigante do varejo físico se integrando ao digital,
ao mesmo tempo que um gigante digital está indo para o físico.
AMAZON
A Amazon tem uma muito bem sucediada experiência com
Amazon Books. Um livraria física (quanta ironia) onde toda a loja é baseada em
dados coletados pela operação digital, desde o sortimento em exposição, o
visual merchandising, até o preço dinâmico e os benefícios para seus clientes
fiéis (Prime). Essa talvez seja um dos melhores exemplos na América na
utilização da análise de dados digitais aplicada no varejo físico. A Amazon
ainda está com apetite de novas aquisições pós Whole Foods, e abriu a Amazon Go
para o “grande público” ontem (22 de janeiro), que até então estava restrita a
seus funcionários. Com operações físicas, além de aplicar seus conhecimentos do
mundo digital, aprende como gerir seu negócio através da pessoas no ponto de
venda.
ALIBABA
Apesar do valor de mercado da Amazon superar a soma
dos principais varejistas tradicionais, ela não está só. Durante a NRF, a
apresentação do Alibaba nos trouxe números impressionantes, inclusive sua
atuação no varejo físico. Só para ter uma referencia do tamanho de sua
operação, somente no dia 11/11, o Dia dos Solteiros que eles inventaram, foi
vendido US$25.3 bilhões. Isso é mais que todo o volume transacionado no
ecommerce brasileiro em todo 2017. O Hema Market, um supermercado que marca a entrada
do Alibaba no varejo físico desconstruiu a jornada de compra tradicional.
Todo o processo de compra é apoiado pelo aplicativo do Alibaba, estando você na
loja (facilitando o processo de checkout), ou a caminho da loja (pick up) ou em
casa (delivery de comida pronta).
Qual é o seu
nível de “Pós Canalidade”?
Neste cenário, fica evidente a fragmentação da demanda
e o novo papel que o varejo deve desempenhar. Valorizando as experiências nas
lojas físicas e provendo facilidade e conveniência no meio digital. É tempo
para uma nova abordagem e de pensarmos o varejo como um modelo mais dinâmico e
adaptável, sem distinções de canais.
Muitos que
passam por grandes eventos como a NRF, onde fica mais evidente as tendências e
melhores práticas globais, podem sair do evento com o sentimento que suas
operações estão atrasadas em relação ao mercado ou que toda aquele conteúdo
apresentado está distante da sua realidade.
O primeiro
passo a ser dado é olhar para sua história, sua cultura e sua estratégia. Mapear
qual o movimento inicial que faz sentido para seu negócio e quais são os
próximos passos a serem dados. Identificar a realidade do seu negócio e onde se
quer chegar é fundamental para acalmar essa ansiedade e colocar as iniciativas
alinhadas com toda a empresa. A partir do momento que o cenário é mapeado fica
mais fácil entender qual é o “pós canal” da sua empresa.
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