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100metros rasos do delivery: a disputa por quem entrega mais
rápido no varejo
Durante anos a conveniência das compras digitais esbarrava
no tempo e no custo de entrega das mercadorias. O desafio passou a ser: como
entregar mais rápido e com o menor custo?
Ao mesmo tempo, as lojas físicas passaram a sofrer com o
crescimento e fortalecimento das soluções digitais e nos múltiplos pontos de
contato que foram criados para atender as novas demandas dos consumidores. Reinventar
o papel da loja física passou a ser chave para quem busca por ter sucesso no
Novo Varejo.
A Amazon sempre teve como uma de suas fortalezas a agilidade
na entrega. De 2015, quando o tempo médio era de quase 6 dias, para 2018 o
prazo caiu para praticamente a metade, chegando ao agressivos 3 dias para
realizar a entrega.
Para os clientes Prime Amazon, aqueles que pagam U$120/ano
para terem uma série de benefícios, o prazo é ainda mais baixo e chega a dois
dias, sem custo adicional para o cliente. Com um investimento declarado de
U$800 milhões em centros de distribuição, a Amazon oferece ainda aos seus
clientes Prime a entrega em um dia e em alguns casos gratuitamente.
Em visita recente ao Whole Foods Market na Florida, ficou
claro o impacto que a Amazon está causando na operação do conceituado varejista
de alimentos naturais, orgânicos e frescos. Por toda loja havia sinalização
ostensiva para os clientes aderirem ao programa Prime e receber suas compras em
até 2 horas. Para o varejo alimentar essa rapidez de entrega é definitivamente
um forte diferencial.
Poucas empresas podem desafiar esse modelo de sucesso da
Amazon. O maior varejista do mundo, o WalMart construiu sua reputação de
sucesso a partir da capilaridade de suas lojas físicas. Considerando os
diferentes formatos e modelos de loja o WalMart chega a mais de 4.700 lojas. Na
média o americano percorre no máximo 16 km até encontrar uma loja. Sem dúvida
uma potencia de capilaridade.
Para entrar de vez nessa corrida para agilizar suas
entregas, o WalMart anunciou que vai entregar seus 220.000 itens, de fraldas à
bateriais, em até 1 dia, gratuitamente, nas compras a partir de U$35,00. Não
precisa ser associado, nem pagar mensalidade. A iniciativa foi lançada em Las
Vegas e Phoenix, mas a promessa é que a entrega gratuita em um dia chegue a 75%
da população americana até o final desse ano.
Esse é um movimento importante da empresa que vem correndo
atrás a Amazon no que diz respeito a digitalização de suas operações e no
desenvolvimento de soluções convenientes aos seus clientes.
A Target, outro gigante do mercado americano, investiu U$7
bilhões em 2017 para repensar seu negócio e suas lojas. No ano passado 3 de
cada 4 compras do digital saíram do estoque de suas lojas. Ganhando assim em
agilidade de entrega e minimizando os custos da última milha, um desafio
constante para operadores digitais. Para
seus clientes REDCard, que pagam anuidade ou para aqueles clientes que gastam
U$35 dólares, também foi lançado o benefício de 2 dias de entrega
gratuitamente.
No Brasil estamos acompanhando o crescimento do Rappi como
solução “terceirizada” de entregas. O Carrefour Brasil expandiu sua parceria
com a empresa colombiana e prevê que até o final do ano eles sejam responsáveis
por até 30% do total de vendas on line. O varejista irá abrir 15 estoques
exclusivamente dedicados ao ecommerce dentro dos hipermercados da rede, as
chamadas “sidestores”, como forma de repensar suas lojas e agilizar a entrega.
Já o Pão de Açucar decidiu incorporar a solução ao comprar a
startup de entregas James Delivery. Dessa forma, a empresa ganhou rapidez e
agilidade de implementação da estratégia de delivery de alimentos. Da mesma
forma que as lojas do Whole Foods estão repletas de comunicação do Prime, as
lojas de São Paulo estão tomadas de James por todos os lados.
O
Foodservice, setor mais maduro no serviço de entregas, está em franco
desenvolvimento e diversificação de modelos de entrega. O Outback, por exemplo,
está dando o primeiro passo com o iFood, para realizar a entrega de maior parte
de seu cardápio. A experiência já apresenta um crescimento de 10% no
faturamento das lojas que contam com essa iniciativa, atingindo principalmente
aqueles clientes que não iriam se deslocar até o restaurante. A ideia do
Outback é evoluir para uma operação de delivery própria por meio do Delivery
Center que a empresa tem participação.
E como se
não bastasse a concorrência nacional, o Alibaba anunciou o AliExpress Premium
Shipping para o mercado brasileiro, que deve fazer o tempo de entregas cair
para entre 22 e 28 dias.
As
encomendas do serviço Premium serão rastreáveis e, segundo a empresa,
proporcionará aos usuários economia de até 59% no custo de envio.
A corrida está aberta. Seja em mercados maduros como o
americano, ou em amplo desenvolvimento como o brasileiro, com soluções
internas, parcerias ou via startups especializadas. A conveniência é ponto
fundamental no varejo e a garantia de serviço de qualidade um diferencial
fortíssimo, com um enorme desafio de faze-los com custos adequados.
A transformação do varejo está passando por de trás do
balcão das nossas lojas. Quem ganha essa corrida de 100 metros do delivery? O
cliente.
publicado originalmente no Portal Mercado&Consumo https://www.mercadoeconsumo.com.br/2019/05/21/100metros-rasos-do-delivery-a-disputa-por-quem-entrega-mais-rapido-no-varejo/
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