sexta-feira, março 22, 2024

A Saúde Mental na Geração da Transição (SXSW)

 


Por que tem se falado tanto sobre saúde mental em eventos grandes eventos como SXSW e NRF? Não por acaso neste ano, esses dois grandes eventos de tendências de consumo, tecnologia e varejo colocaram nos seus palcos principais, celebridade pra falar sobre esse assunto. Em janeiro na NRF, a atriz Drew Barrymore, que de maneira aberta e sincera falou sobre a importância das relações pessoais no sucesso dos seus negócios e nesta semana no mainstage do SXSW, a atriz, cantora e empreendedora Selena Gomez, junto com astro do futebol americano Solomon Thomas, na palestra "Atenção plena acima da perfeição: sendo honestos sobre saúde mental", mostraram porque são defensores incríveis que conscientizam e quebram os estigmas da saúde mental.

@sollythomas90


Mas o que isso tem em relação a nossa atual Geração da Transição, como batizou Amy Webb também no SXSW?

Estamos vivendo num período de transição, impulsionado pela IA, onde as atividades rotineiras e repetitivas podem ser feitas de uma maneira automatizadas, com maior capacidade de processamento, mais rápidas e com menos erros. Tudo se torna tão imediato, “tão perfeito”, que por vezes esquecemos do lado humano por trás de tudo isso.

As oportunidades da IA e todas as transformações que vivemos, geram também um maior impacto sobre as pessoas que estão por trás da gestão das atividades. “Se está usando IA, os resultados devem vir melhores e mais rápidos!” E não é somente no trabalho, a pressão das redes sociais pelo mundo perfeito que “todos vivem”, escondem as reais vulnerabilidades. Os depoimentos de Drew, Selena e Solomon mostram que todos somos vulneráveis. Nos cobramos, somos pressionados por resultados imediatos e nos sentimos inseguros. E como navegar nesse ambiente?

Outra apresentação no SXSW que ajuda a responder essa questão, foi liderada pela Dra. Brené Brown e a psicoterapeuta Esther Perel que reforçaram a importância do equilíbrio entre a força e impacto da tecnologia com as relações humanas. Os temas de empatia, coragem e vulnerabilidade foram debatidos. "Estamos indo além da escala humana com a IA, mas ainda assim podemos manter nossa saúde e felicidade se preservarmos as comunidades e relacionamentos em escala humana"*

“A qualidade de sua vida está diretamente ligada à qualidade de seus relacionamentos”, diz enfaticamente Esther. Essa fala conecta diretamente com o livro que estou lendo Construa a vida que você quer* mostra que sobre os pilares da felicidade são sua família imperfeita e suas amizades profundamente verdadeiras (principalmente aqueles amigos “inúteis” que “não podem te oferecer nada além de se preocupar com seu bem-estar e lhe oferecer uma boa companhia”). Esther ainda falou sobre a superficialidade das relações atuais e a falta de profundidade nos diálogos. Tudo isso, na minha opinião, reforçado pela velocidade, instantaneidade e a quantidade de distrações simultâneas que temos em nossas conversas. Você conversa com o outro com o celular na mão? Eu também! Quanto mais conectados estamos pela tecnologia, mais distantes estamos e temos conversas rasas, achando que estamos dando atenção ao outro. O celular que pode encurtar as distâncias (como vimos durante o período pandêmico), também nos afasta de estarmos presentes. Isso contribui com o aumento do sentimento de solidão, de falta de valor e de ansiedade.

Esse é o ambiente que estamos vivendo. Um momento desafiador para as lideranças equilibrarem a avalanche tecnológica com relações humanas reais e profundas. Quando estamos em uma posição de liderança, corremos um sério risco de ter pessoas e gerações distintas em nossas equipes, convivendo sob o mesmo teto, tendo os mesmos objetivos e prazos de conclusão. Saber distinguir o sentimento, como cada um recebe nossa orientação, como cada um responde aos comandos, é desafiador. Já liderei pessoas mais velhas do que eu, já fui liderado por pessoas mais novas que eu. Montei minhas equipes propositalmente diversa. “Você vai ter trabalho para conseguir lidar com essa turma”, me disseram. Aprendi muito com eles. Me forcei a me colocar no lugar do outro, a entender o outro ponto de vista, a estar presente e mesmo assim, por vezes, ter a abertura saudável para discordar e cobrar por resultados.

Essa importante quebra de barreira sobre o tema saúde mental vem se fortalecendo, principalmente após a pandemia. É importante derrubar estigmas de fragilidade, de fraqueza, de incapacidade, e ter mais segurança para se debater e seguir em frente, mesmo com todas as incertezas que nos cercam.

Fontes:

Mindfulness Over Perfection: Getting Real On Mental Health with Selena Gomez

Construa a Vida que Você quer – Autores: Arthur C. Brooks e Oprah Winfrey


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